Como treinar a equipe de manutenção mecânica

O ponto de partida para uma equipe bem formada e competente se dá ainda no processo de seleção e contratação.
A descrição detalhada da função, suas exigências em termos de formação e habilidades técnicas e, ainda, a consideração de como a qualificação dos candidatos se compara a da equipe em atuação na empresa, são cuidados desejados.
Em texto anterior, foram sugeridas algumas dicas para formar uma equipe de alta performance.
Aspectos como o papel da liderança, segurança, indicadores-chave e necessidade de melhoria contínua são abordados.
RISCOS DE TREINAR E NÃO TREINAR O COLABORADOR
Pode-se questionar “e se treinamos o colaborador e ele vai embora?” ou pior “e se não o treinamos e ele fica?”.
A experiência indica que um colaborador medíocre é aquele que se tem mais dificuldade em desligar do quadro.
Sabe-se, na prática, que os maquinários industriais evoluem com novas tecnologias e usos, que as indústrias buscam maior competitividade e que a era do conhecimento já é parte do mundo e do Brasil.
E mais ainda, que há enormes diferenças de processos, tecnologias e formação de equipes entre indústrias de segmentos diferentes e mesmo em segmento iguais.
Ainda que haja limitações de mão de obra qualificada, encontrar a forma de capacitar dentro dos valores e cultura da empresa e estabelecer mecanismos de retenção é tarefa contínua para manter a indústria de pé.
A empresa precisa se adaptar, aprender continuamente e redefinir suas melhores práticas. O indivíduo que atua nela também! Por isso, treinar sempre. Treinar é investir na sustentabilidade do negócio.
MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS
A matriz de mapeamento de competências é uma ferramenta para determinar, nas diversas funções e níveis dentro da mesma função, a situação atual e a desejada no que refere às habilidades de executar determinada tarefa.
É desejável que tanto habilidades técnicas e atitudes comportamentais sejam identificadas e buscado seu nivelamento.
Entende-se que o universo de aplicação nas diferentes indústrias e equipes pode variar significativamente, por isso mesmo que o gestor deve desenvolver um modelo que seja mais adequado à sua situação.
Se desde o processo de contratação, as competências desejadas para uma determinada função estão definidas, o primeiro passo estará dado.
O exercício prático vai mostrar quão próximo do ideal está a habilidade de cada colaborador e a partir disso, os treinamentos podem ser moldados para alinhar a habilidade e o comportamento ao patamar desejado.
PROCESSO DE TREINAMENTO OU DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
Treinar significa desenvolver competências. E, competência implica conhecimento (o saber), a habilidade (saber fazer) e a atitude (querer fazer).
Cada treinamento deve ter um foco, um objetivo a ser atingido. Esse objetivo deve estar alinhado com o objetivo do setor de manutenção, que por sua vez, estará alinhado ao objetivo da organização. O objetivo passa então a ser o propósito para a ação.
A motivação – o motivo para a ação – do ser humano que, de forma simplificada, pode ser definida como sua vontade de desempenhar determinada atividade com qualidade e comprometimento aliada a sua necessidade de realizar o trabalho a que se propôs.
A vontade é o desejo de atender determinadas necessidades através de recursos obtidos no ambiente de trabalho.
Com as competências e suas carências definidas fica mais claro estabelecer o foco do treinamento e nomear quem deve participar dele.
Identificada a necessidade do treinamento, esse é planejado, executado e posteriormente mensurada a sua eficácia ou aplicação prática. Alguns formatos de treinamentos e ações de aprendizagem:
- Treinamentos curtos, ministrados por integrantes da equipe interna.
- Treinamentos ministrados por fornecedores de equipamentos.
- Treinamentos específicos contratados de especialistas ou terceiros.
- Leitura de procedimentos, relatórios, manuais, normas e livros.
- Participação na elaboração de procedimentos e instruções.
- Participação em grupos de discussão e avaliação de lições aprendidas.
- Rodízio de atividades entre colaboradores.
- Participação em eventos setoriais externos diretamente relacionados.
TREINAMENTO É UM ALIADO NA REDUÇÃO DE CUSTOS
Estabelecer as melhores práticas através do trabalho diário, da orientação, do nivelamento de competências e, acrescentando o registro em procedimentos detalhados a serem seguidos vai construir a gestão do conhecimento dentro da equipe, do departamento e da organização.
Treinar, incentivar o autodesenvolvimento e manter uma cultura de melhoria contínua, vai evitar retrabalho, motivar a equipe enquanto gera um senso de pertencimento e compromisso. Além de produzir efeito positivo sobre a segurança da equipe e do ambiente irá diminuir a rotatividade e contribuir na retenção de talentos.
Tudo isso é ganho de tempo, produtividade e qualidade e, por isso, também, redução de custos.